Algum dia você já parou para se perguntar porque a profundidade existe?
Se já, e você foi pesquisar mais sobre o assunto, deve ter se deparado com mais dúvidas do que encontrado respostas objetivas.
Sinteticamente, posso dizer que a profundidade de campo existe porque uma lente (ou um conjunto delas, objetiva) não é capaz de focar, ou, focalizar diversos planos ao mesmo tempo, ou seja, se você focaliza no primeiro plano, esse produzirá no anteparo nitidez absoluta, porém os planos posteriores se apresentarão no que se chama de nitidez relativa. E inverso a isso, se você focaliza no plano posterior, esse estará em nitidez absoluta e, o primeiro plano é quem se encontrará na nitidez relativa. Essa nitidez relativa é a profundidade de campo, que é imediatamente afetada por três distintos fatores:
1- Abertura de diafragma
2- Distância focal da objetiva
3- Distância de foco entre objetiva e assunto
Esses três fatores são totalmente controláveis pelo fotógrafo, porém, existe um quarto fator, que pelo fato de não poder ser controlado pelo fotógrafo, muitas vezes sequer é mencionado, entretanto, o mesmo é tão importante que até faz parte da equação matemática da profundidade de campo, é o cÃrculo de confusão.
O cÃrculo de confusão, também chamado de coc tem seu valor determinado. Definiu-se que a distância considerada para análise do cÃrculo de confusão em um material impresso é de 25cm, distância essa conhecida como distância de leitura e, que esse não pode ultrapassar o tamanho de 1 milésimo dessa distância, ou seja, o tamanho aceito para o cÃrculo de confusão é de 25/1000= 0,025cm ou 0,25mm. Com isso, se o coc ultrapassar 0,25mm a essa distância de leitura, nossos olhos irão interpretar não mais como um ponto nÃtido, mas sim, como um borrão (um ponto fora de foco).
Cabe ressaltar que a profundidade de campo não é algo absoluto, pois a acuidade visual do observador também influencia em sua interpretação.
Nas pelÃculas fotográficas e nos sensores eletrônicos das câmeras digitais, também temos os valores definidos do cÃrculo de confusão em função dos tamanhos fÃsicos desses anteparos. Vejamos alguns tamanhos de cÃrculos de confusão admitidos para determinados tamanhos de pelÃculas e sensores.
Sensor Crop Canon – 0,019mm
Sensor Crop Nikon – 0,02mm
Sensor Full Size – 0,03mm
PelÃcula 35mm – 0,02mm – 0,03mm
PelÃcula 6 x 6cm – 0,03mm – 0,05mm
PelÃcula 6 x 9cm – 0,075mm
Baseado nesses valores, se o cÃrculo de confusão formado no anteparo (pelÃcula ou sensor) não ultrapassá-los, quando a imagem for impressa, teremos a percepção de um ponto nÃtido, ou, em outras palavras, uma grande profundidade de campo. Ao contrário disso, se o cÃrculo de confusão formado no anteparo ultrapassar esses valores definidos, quando a imagem for impressa, teremos a percepção de um ponto desfocado (um borrão), ou, em outras palavras, uma pequena profundidade de campo.
Observe que quanto maior o anteparo, maior também é o cÃrculo de confusão admitido, ou convencionado. Isso se dá dessa forma pelo fato de que imagens formadas em anteparos maiores, deverão ser ampliadas menos vezes do que imagens formadas em anteparos menores (para serem observadas a uma mesma distância). Com isso, se pegarmos diversas imagens, formadas em diversos tamanhos de anteparos, onde todas tenham sido tomadas com objetivas de mesma distância focal, sobre mesma abertura de diafragma e de mesma distância, a profundidade de campo será a mesma em todas elas. Os valores não são absolutos, pois há anteparos no formato retangular e no formato quadrado, o que não lhes confere proporcionalidade, mas de qualquer maneira os valores estão dentro de uma faixa de tolerância.
Observe na figura que temos três assuntos em diferentes planos.
Façamos o foco no plano mediano, ou seja, no assunto que se encontra no meio.
Assuntos que se encontram em planos anteriores a esse plano mediano, ou seja, mais próximos a objetiva, irão projetar seus raios de luz em foco (virtualmente) atrás do anteparo e, assuntos que se encontram em planos posteriores a esse plano mediano, ou seja, mais distantes da objetiva, irão projetar seus raios de luz em foco à frente do anteparo. Como os planos que não estão em foco (no caso o plano anterior ao plano mediano e o plano posterior ao plano mediano) não podem projetar seus raios em foco exatamente no anteparo, pois o foco foi estabelecido no plano mediano, o que é projetado no anteparo quando o objeto está próximo a objetiva é uma parte de seu cone de luz e, quando o objeto está distante da objetiva, o que é projetado no anteparo é um prolongamento do seu cone de luz. Essa projeção de cones de luz é o tão confuso cÃrculo de confusão, que vai variar seu tamanho em função dos três fatores mencionados e, com isso alterar a profundidade de campo. Caso o mesmo altere seu tamanho para maior que o convencionado para aquele tamanho de anteparo, a profundidade de campo é reduzida e, caso o mesmo altere seu tamanho para o convencionado, ou menor que esse, a profundidade de campo é aumentada.
Num próximo post irei ilustrar a profundidade de campo em função dos três distintos fatores: abertura de diafragma, distância focal e distância de foco. Por hora, basta sabermos que a profundidade de campo á alterada, como vimos, por esses três fatores e atende sempre a três princÃpios:
1- Se o número f dobra, a profundidade de campo dobra
2- Se a distância focal é dobrada, a profundidade de campo diminui 4 vezes, pois a profundidade de campo é inversamente proporcional ao quadrado da distância focal
3- Se a distância de foco dobra, a profundidade de campo aumenta 4 vezes, pois a profundidade de campo é proporcional ao quadrado da distância
Um abração a todos e, bons estudos.
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by Alex Gimenes